30.4.15

Querida mão direita,

Desculpa ter saído sem um bilhete em palma de mão, mas sabes que mão esquerda em cérebro destro não sabe escrever direito, além disso, foi assim que o pé-descalço e o pé-ante-pé me pediram que abrisse a porta.

Sem ti sou mais canhota do que antes.

Sinto falta de quando entrelaçávamos os dedos em pensamentos, ou quando me acariciavas a dor dos dias frios (gesto leve em caricia-cocega), mas depois de deixar cair o teu anel entre dedos e de ter perdido a segurança no apoio que te dava decidi partir para braço incerto.

Guardarei o teu tacto na ponta dos dedos, nas impressões digitais ... não nos sentiremos mais.


Um intermitente abrir e fechar de mão em gesto de adeus, desta sempre tua,


Mão esquerda

20.4.15

Entrou no mesmo quarto escuro e acendeu a (percepção retardada de) luz para perceber que a felicidade marcada no colchão esta noite tem insónias noutro quarto de hotel.