11.7.16

30 minutos de calçada

Cheiros que saltam de intensidade em cada passo. Pouco intenso, muito intenso, pouco intenso, nada.

Cheiro a churrasco, cheiro a canela, outra vez cheiro a churrasco e muito, mesmo muito cheiro a diversidade… cheiro a homens e mulheres de bolsos vazios, cheiro a gente, sem uma máscara de perfume, mas de muitas cores.
Cheiro a mulheres e homens da classe média depois do trabalho e antes de preparar o jantar.

Cheiro a fumo de escape, cigarros, lixo e dejectos de animais no chão, não incomodam; a maior parte das vezes.

Por vezes um encontro com cheiro a crianças de férias.

Perto do cemitério o cheiro a flores das floristas de rodas fúnebres e a rua de sentido único cheira a pó de obras.

Depois da porta o cheiro a idoso doente e material esterilizado, a jantar português acabado de fazer e a cair na mesa e do último piso dança geralmente um jantar africano com algum caril.

A casa tem o inevitável cheiro a lar, cheiro a madeira envernizada e um cheiro doce que ainda não consigo identificar. A sala cheira a Veneza num canto, a tinta de água e ao ferro de uma bicicleta.
Um dos quartos cheira a papel cortado e o outro a roupa lavada e a creme para suavizar as mãos e descansar os pés.
A casa de banho cheira ao banho da manhã e a cozinha ainda não tem cheiro porque acabei de chegar a casa.