27.5.15

Tenho monstros...

...nas unhas dos pés e das mãos que alimento com unha roída e saliva. Tenho monstros na língua travada que me agarram a pele que a prende à boca. Tenho monstros nas virilhas, no umbigo, nas axilas, que conversam por cheiro em gota de suor. Tenho monstros dentro das orelhas que me sussurram monstruosidades ao ouvido:
A tua pele é um monstro que te engoliu.

Há tanto tempo que não me aproximo das janelas que a sujidade que lá reside provoca-me teatros de sombras no chão de cada divisão da casa.

18.5.15

Maria Certeza marcou encontro com Carlos Dúvida na esquina onde as ideias são putas de dois tostões que se deitam de pernas cruzadas, sempre, com todas as opções.

4.5.15

... e o idiota indeciso destas últimas horas fechou as portas da gaguês, encostou o quinquagésimo par decisão-negação à parede de pé direito (com cordões desatados), deu o nó que tinha no cérebro ao corpo (às pernas, aos braços) e sentou-se na primeira cadeira que encontrou sem que, nem por um milésimo de segundo, pensasse na possibilidade de haver outra mais confortável.