6.3.17

Sentado na sala de estar está Gérard o francês.

À tua frente expõe-se esquelético, de tez clara e cabelo escuro-escorrido, aparenta ser mais alto do que parece. Os braços finos e compridos estão pousados sobre a tua mesa negra, um jazigo na sala, com um tampo que de tão polido reflecte um Gérard mais escuro.

– Devo dizer-lhe que ontem... Hmmm! – Diz tímido e hesitante.

"Blhoc!" e o olho esquerdo salta-lhe da cara, bate na mesa e deixa um rasto viscoso até ao chão. Agora apenas vês a metade direita de Gérard. O seu lado esquerdo, o lado mais negro, é uma sombra escura sem brilho nem reflexo.



"BLHOC!", cospe o olho direito que te bate violentamente na testa; Gérard desaparece.

– Desculpe, sinto-me sempre mais confortável quando não olham fixamente para mim… Ontem fui ao oftalmologista e ele disse-me que estava tudo bem, talvez tenha razão.